terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

POLÍTICA, ELEIÇÕES, MARKETING




O MARKETING  
NÃO É TUDO 


A Política e o Marketing político e eleitoral não são antagónicos.Ambos podem contribuir para o aperfeiçoamento mútuo, uma vez que a teoria política traz contribuição para o marketing político e eleitoral ( e vice-versa), ao fornecer alicerces e caboucos para análise das campanhas políticas.

Políticos e organizações políticas – sejam partidárias ou governativas, de escala municipal, regional ou nacional –, aplicam o conceito de marketing político quando, por exemplo, dividem os eleitores por segmentos distintos,  para depois moldarem as mensagens e escolherem os canais utilizados para difusão pública dessas mensagens, em função da situação dos destinatários – segundo os seus estrato social, económico, cultural ou educacional,  e segundo as suas opiniões sobre as matérias mais salientes na agenda  do candidato político.

Todavia alguns pesquisadores em marketing político e eleitoral fariam bem em reconhecer e acolher a evolução lógica dominante no mercado e na política e as distintas perspectivas sobre política, estruturas e ideologia. 

Daí a necessidade de desenvolver abordagens orientadas pela tarefa de integrar dois campos estabelecidos e distintos: o marketing político e eleitoral e a política , sabendo-se que política e mercado não são esferas independentes.

Ao invés de justificar e defender a legitimidade do marketing político e eleitoral e suas técnicas ( sacralizando o marketing), é importante  perceber que o conhecimento e  experiência na área política podem ser úteis também para entender a dinâmica do mercado consumidor componente também da política. 

Quanto mais a ação do governante priorizar o cumprimento das promessas eleitorais, que foram feitas para os segmentos que o elegeram, mais positivas são as opiniões do eleitorado, estando assim garantida uma base sólida de apoio, que será determinante na próxima eleição.

Para isto funcionar com êxito, é preciso conhecer bem o eleitorado, contatando-o pessoal e localmente,elaborando estudos de opinião e outras pesquisas.

Os candidatos políticos precisam de investigar ainda mais o terreno onde vão atuar. Para além de identificarem os problemas e as soluções de governação – num município –, eles também precisam saber para quem vão falar e para quem vão decidir. Para serem bem entendidos e conseguirem construir uma relação de confiança e entendimento mútuos.

Estudos de opinião são, justamente, algumas das ferramentas que permitem conhecer os eleitores com alguma precisão, de modo que a ação política e a comunicação tenham em atenção aquilo que os eleitores valorizam ou os problemas que esperam ver resolvidos. 

Porém , ao reduzir-se o fenómeno político a uma questão estética e psicológica,de mercado, em que as preocupações recaem sobre a construção de uma imagem dos candidatos a cargos públicos, que desperta a sensibilidade emocional do eleitor, deixando de lado um aspecto mais importante que é o da ideologia ,dos Valores, dos Princípios, do Partido que propõe, em que se inclui a discussão de projetos mais amplos para a comunidade,para a sociedade e a humanidade,comete-se, no mínimo,o erro da parcealização/redução da abordagem.

A relação que surge entre candidato e eleitor, a interação e o elo que se formam a partir da relação Candidato/eleitor pode ser alcançada com maior qualidade com diagnóstico, planeamento das estratégias e suas formas de utilização.O planeamento é o pai da estratégia e o marco zero da transição do sonho para a realidade: o exato momento em que o plano, ou a aspiração, se transforma em decisão.

As características do ambiente em que acontece a campanha, a administração da campanha eleitoral, a definição do perfil e postura política a ser adotada pelo candidato procurando valorizar as suas potencialidades, as diferentes classes de eleitores, e uma monitorização contínua das ações executadas e planeadas são fatores a considerar.

São fatores relevantes para o sucesso conhecer os traços da conjuntura política local , conhecer as características históricas,económicas e culturais onde ocorrerá a disputa(Município),  conhecer o eleitorado,conhecer os adversários,definir os principais temas de interesse  do eleitor na campanha e a corespetiva estratégia de comunicação.

Definidas e formuladas as estratégias a etapa a seguir é definir quais os elementos a  serem utilizados como meio de ligação entre o eleitor e o candidato, quais  os elementos do composto de comunicação e os meios de comunicação que serão mais atrativos considerando questões de alcance, influência e recursos disponíveis. 

Não se faz marketing político e eleitoral sem organização, sistema e métodos, pois o marketing ajuda um candidato a ganhar a campanha, ao procurar maximizar os seus pontos fortes e atenuar seus pontos fracos.

Mas o Marketing não é tudo.

O bom planeamento procura inventariar e organizar as disponibilidades materiais, humanas,aliados, apoios sociais e estrutura do grupo do candidato visando otimizar o desempenho de cada instrumento, apoio e ação, para atingir o objetivo de ganhar a eleição. 

Integrar Política e marketing político e eleitoral deverá sempre partir, primeiro, da assunção plena  dos Valores,Princípios,normas e regras da Ideologia e posições políticas da organização partidária que animam, motivam e constróem os Candidatos.
Sacralizar o Marketing político e eleitoral ( o Mercado pelo Mercado..., o eleitor tão só consumidor...) olvidando,ou omitindo Princípios e Valores políticos poderá dar resultados perversos .

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