terça-feira, 22 de agosto de 2017

ENTORSES, por José Caria

ENTORSES

por José Caria

A realidade do tribalismo está aí,como entorses, para o melhor e para o pior.Talvez seja necessário saber viver com este paradoxo. Não sei. Ainda há muito que  pensar sobre isto.

Trocar a tranquila certeza de teorias e praxis estabelecidas pela agitação do mar alto, é sempre difícil, reconheço. Do mesmo modo escavar para ir ás raízes, exige esforço, posso testemunhar.

Trata-se, no entanto, de esforço mental que, sem julgamento a priori,sem espírito preconcebido, pode permitir ver dentro de alguns mimetismos e pantomimas tribais, de alguns deslizamentos de identidades estáveis para identificações/ocasiões , "maneiras" diversas, porventura desviantes, de viver a relação com a alteridade, com todos os Cidadãos.

Coexistem aspectos ao mesmo tempo “arcaicos” e "juvenis" de tribalismo e , em simultâneo, dimensões vizinhas e comunitárias e uma espécie de saturação do conceito do indivíduo e da lógica da identidade.

Lembremos, sem concordância integral, Le Play: “As sociedades (...) ficam (...) submissas a uma invasão de ‘pequenos bárbaros’ que trazem sem cessar todos os maus instintos da natureza humana".

Alguns "tribalistas"  teem, algumas vezes,  tendência para assumir o seu grupo ideológico como bom e justo e que os membros de outros grupos são maus, estúpidos e injustos.

Pessoalidade parcimoniosa, legalidade, proporcionalidade, eficiência , bem como competência e objetividade podem ajudar-nos a melhor reflectir; Os "exercícios de autoridades" devem inspirar-se no respeito pela dignidade humana e pelos valores de cada pessoa.

Respeito ( no bom sentido do termo), solidariedade e cortesia nas relações com os cidadãos não nos causam maleitas,antes pelo contrário ajudam-nos a tentarmos melhorar-nos ! .

Participação, cordialidade e respeito pela diversidade não estigmatizam ninguèm, antes reforçam pertenças, vizinhanças, comunidades.

Rainer Maria Rilke , nos "Sonnets à Orphée", disse-nos, com rara qualidade literária,  “Com mais arte torceria os galhos dos salgueiros aquele que dos salgueiros tivesse conhecido as raízes” .

Às vezes, algumas vezes, como indicou Jason Brennan , interrogamo-nos :"o (...) compromisso com a (...) equipa pode sobrepor-se ao(...)compromisso com a verdade(...)" ? .

O fanatismo tribal não significa lucidez de "leader", muito menos racionalidade de equipa.

O tribalismo é algo que tem de ser controlado para diminuir a violência .

Violência física,violência social,violência emocional ,violência verbal.

Entorses, se me permitem !...

José Caria

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